Buriti - Mauritia flexuosa L. f.



Nome científico: Mauritia flexuosa L. f.

Outros nomes populares: miriti (PA), moriti, muriti, boriti, coqueiro-buriti, carandá-guaçu, carandaí-guaçu, palmeira-dos-brejos

Características gerais: 
Palmeira robusta e elegante de 20-30 m de altura, com tronco (estipe) solitário e ereto, sem ramificação, liso e com anéis uniformemente espaçados, de 30-60 cm de diâmetro. No ápice do estipe encontra-se uma coroa de 20 folhas de até 4 m de comprimento. É uma planta dióica ou polígamo dióica, ou seja, existem indivíduos com flores masculinas e indivíduos com flores femininas e hermafroditas.


O fruto é uma drupa globoso-alongada de 4-7 cm de comprimento, constituída de epicarpo (casca mais externa) formado de escamas rombóides de cor castanho-avermelhada; mesocarpo (parte comestível) representado por uma massa espessa de cor alaranjada; endocarpo esponjoso que envolve a semente muito dura. Uma única planta pode conter até 7 cachos de frutos, com uma média anual de produção de 5000 frutos.


Regiões de ocorrência: 
Ocorre em toda a Amazônia, Nordeste, Centro Oeste e Brasil Central, atingindo seu limite austral no norte do estado de São Paulo. Também ocorre no norte da América do Sul. É a palmeira mais amplamente distribuída no país, formando populações naturais homogêneas tão amplas que chega a ser detectada por imagens de satélite. São famosos os "buritizais" das ilhas do estuário do Baixo Tocantins no Pará, ou as veredas ao longo de córregos no oeste da Bahia (Grande Sertão Veredas).


Utilidades: 
Inúmeros produtos úteis do buritizeiro são aproveitados pelas populações ribeirinhas de sua região de ocorrência, tanto na sua alimentação como em outras necessidades diárias: bebida natural ou fermentada, sabão caseiro, material para casa, óleo e doces dos frutos, fécula e um líquido potável e açucar do estipe, etc.

Sabonete de Buriti Natura Ekos

Da polpa ou mesocarpo prepara-se o "vinho de buriti" mediante o prévio amolecimento dos frutos em água morna; esta prática é necessária para completar o amadurecimento dos frutos que ao caírem ainda estão um tanto duros. Também é chamado em algumas regiões "vinho-de-buriti" o líquido adocicado e fermentado extraído pela incisão de sua inflorescência antes de desabrocharem as flores.


Com a polpa também prepara-se o tradicional "doce de buriti", principal produto derivado desta palmeira e já comercializado em vários estados. É presença constante em feiras da região norte, onde pode ser encontrado em pequenos pacotes como em latas de 20 kg. Os índios Huitotos do Peru e outras tribos amazônicas preparam dos frutos um suco e uma espécie de "chicha" (cozimento fermentado). 

















O buriti é fonte alimentar importante para os indígenas amazônicos. Da polpa ainda se obtém óleo comestível, empregado principalmente na fritura de peixes. Dos caroços ou sementes pode-se obter um carburante líquido obtido através de fermentação e destilação. Da medula do tronco obtém-se uma fécula amilácea semelhante ao "sagu" da Índia, empregada no preparo de mingaus.


A seiva do tronco do buriti é tão rica em açúcar que é possível extrair da mesma a sacarose cristalizada como da cana-se-açúcar. Para a sua obtenção, faz-se um furo no tronco e recolhe-se a seiva num recipiente, produzindo em média 8-10 litros por árvore. O produto cristalizado tem quase 93% de sacarose. Parece que apenas as plantas machos (que não dão frutos) possuem seiva açucarada.
As folhas novas do buritizeiro dão cordas resistentes. O pecíolo da folha fornece material leve e mole usado na fabricação de rolhas e no artesanato regional, como brinquedos, pequenas caixas, etc. O "doce do buriti" geralmente é acondicionado em caixas feitas com o pecíolo da folha. Os frutos in natura podem ser facilmente encontrados nas feiras das cidades da região Norte (Piauí, Maranhão e Pará) no período de dezembro a julho.

Bolsa-carteira feita da palha do buriti

A madeira do buritizeiro é moderadamente pesada e dura, porém de baixa durabilidade natural. Mesmo assim é muito utilizada regionalmente em construções rurais e construção de trapiches em beira de rios. A árvore é uma das palmeiras mais ornamentais e elegantes de nossa flora, contudo, totalmente ignorada por nossos paisagistas. O único que ousou usa-la pela primeira fez foi o famoso paisagista Roberto Burle Marx nos jardins do Palácio Itamarati em Brasília. 
A importância do buriti transcende a sua utilidade econômica, tornando-se uma das plantas mais estimadas pelas populações de muitas regiões do país, sentimento este traduzido pelo uso de seu nome para designar várias cidades no interior do país: Buritizal (SP), Buriti (MA), Buritis (MG), Buriti Alegre (GO), Buriti Bravo (MA), Buritama (SP), Buriti dos Lopes (PI), Buritirama (BA), Buritizeiro (MG),


Informações ecológicas: 
Ocorre exclusivamente em áreas alagadas ou brejosas, como em beira de rios, igapós, lagos e igarapés, onde é geralmente encontrado em grandes concentrações na forma de populações homogêneas, formando os chamados "buritizais". Geralmente parte do tronco fica imerso na água por longos períodos, sem que isso lhe cause dano. Á água tem importante papel na disseminação de suas sementes. É até possível encontra-lo em solo seco, contudo, em alguma época este local foi muito úmido ou encharcado. Para cultiva-lo em terreno seco deve receber muita água na sua fase juvenil.


Produção de mudas: 
Os frutos devem ser colhidos no chão após sua queda espontânea, o que ocorre a partir de janeiro, prolongando-se até julho. Em seguida os frutos devem ser deixados amontoados por alguns dias até o completo apodrecimento da polpa para facilitar a separação da semente (uma por fruo).


Um kg de sementes contém aproximadamente 35 unidades, cuja viabilidade em armazenamento é muito curta. Devem ser postos para germinação logo que colhidos e limpos em canteiros ricos em matéria orgânica, ou diretamente em embalagens individuais contendo o mesmo tipo de substrato. Em ambos os casos cobrir as sementes com uma camada de 1 cm de substrato e irrigar duas vezes ao dia. A emergência ocorre em 3-5 meses e a taxa de germinação é apenas moderada. As mudas estão prontas para plantio no local definitivo em aproximadamente 18 meses.
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Comentários

  1. Olá Queria muito a ajuda de você gostaria que se você nessas suas pesquisas pudesse coletar sementes eu faria a troca ou enviaria envelope com selo pra você enviar sementes pra mim pois sou da caatinga também só que em alagoas

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  2. Pregunta sobre los Buritzal a los investigadores Brasileños
    Estoy realizando una revision de la literatura en relacion al sistema ecologico denominado Morichales En Venezuela, Buritizal en Brasil, Aguajales en Peru, Moretales en Ecuador y Palma Reales en Bolivia. En la actulidad he leeido todo lo que se ha publicado en relacion a las veredas de Brasil, sin embargo me gustaria saber si en el bioma del cerrado brasileño existen tambien lo que denominan Buritizal. Por lo que he leido, estos al igual que las veredas es posible que existan en la region Central de Brasil aunque posiblemente en rios de tercer orden, conformando Palmares de pantano densos a ambos lado del rio en sus planos aluviales permanentemente saturados de humedad. Este sistema ecologico seria equivalente a lo que denomina Ferreira como “ Veredas do Cordão Linear – “Veredas que se desenvolvem às margens de curso d’água de médio porte, formando cordões lineares como vegetação ciliar. Sin embargo aunque existen extensos Buritizales en el Delta del Orinoco y en el del Amazonas, asi comoen la cuenca Amazonica Brasileña, no he podido conseguir referencias cientificas sobre este sistema particularmente de Brasil. Me da la impresion que aguas abajo de las veredas al entallarse el curso de agua, siempre y cuando el nivel freatico se mantenga alto, es posible encontrar en los rios de tercer orden un “Mauritia flexuosa palm swamp” o lo que denominan en Brasil como Buritizal. Sin embargo, el mantenimiento en el tiempo de esta comunidad, exige la conformacion de claros grandes por perturbaciones antropicas o naturales. Si esto no ocurre, el Buritizal comienza gradualmente ha ser remplazado por un bosque de pantano de Virola sebifera, Protium heptaphyllum, Richeria grandis y Calophylum brasilensis. Me gustaria que alguien me contestara, le escrito a tres investigdores de tres universidades en Brasil y aun no he recibido respuesta alguna
    Atentamente Dr. Valois Gonzalez (valois.gonzalez@gmail.com)


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  3. O buriti é uma espécie abundante no Cerrado e um indicativo infalível da existência de água na região. Como o Cerrado é rico em água, lá estão os buritis, emoldurando as veredas, riachos e cachoeiras, inseridos nos brejos e nascentes. A relação com a água não é à toa.
    Ao caírem nos riachos, os frutos de seus generosos cachos são transportados pela água, ajudando a dispersar a espécie em toda a região. Os frutos também servem de alimento para cutias, capivaras, antas e araras, que colaboram para disseminar as sementes. Na natureza, tudo funciona na base da cooperação mútua.
    Fonte:http://www.ispn.org.br

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