Plantas Raras: 8 Espécies Incríveis que Você Não Conhece

As 8 Plantas Raras Mais Fascinantes do Mundo

1. Introdução

Nosso planeta é um imenso jardim, repleto de uma diversidade botânica que desafia a imaginação. Para além das plantas que encontramos em supermercados e floriculturas, existe um universo de espécies raras e exóticas, cada uma com sua própria história, usos e segredos. 

São plantas que evoluíram em cantos remotos do mundo, moldadas por climas e culturas específicas, e que hoje nos surpreendem com suas formas, cores e propriedades. 

Este artigo é um convite para uma expedição botânica, onde descobriremos oito dessas joias vegetais, desde frutas que eram privilégio da realeza até árvores que incendeiam a paisagem com suas flores. Prepare-se para conhecer um lado do reino vegetal que poucos já viram.

2. Keppel Fruit (Stelechocarpus burahol)

  • Descrição: Também conhecida como fruta Burahol, a Keppel é uma fruta de casca marrom e textura aveludada, que cresce diretamente no tronco da árvore (caulifloria). Sua polpa é alaranjada, suculenta e possui um sabor doce e exótico, com um perfume que lembra uma mistura de manga com coco.

  • Origem: É nativa da ilha de Java, na Indonésia.

  • Uso tradicional: Historicamente, era uma fruta exclusiva da realeza javanesa. As princesas e damas da corte a consumiam por acreditarem que ela atuava como um desodorante interno, deixando o hálito, o suor e as secreções corporais com um perfume adocicado de violeta. Também era usada como um contraceptivo natural.

  • Curiosidade: Devido à sua associação com a aristocracia e suas propriedades "perfumadas", a árvore Keppel se tornou um símbolo de status e elegância nos palácios e jardins de Java.

3. Orangeberry (Glycosmis pentaphylla)

  • Descrição: É um arbusto ou pequena árvore que produz pequenos frutos redondos e translúcidos, de cor rosa-pálido a alaranjado. A polpa é gelatinosa, doce e muito aromática, envolvendo uma ou duas sementes verdes.

  • Origem: Nativa da Ásia tropical, especialmente da Índia, Malásia e sul da China.

  • Uso tradicional: Na medicina popular asiática, diversas partes da planta (folhas, raízes e frutos) são utilizadas. As folhas são usadas para tratar febre, tosse e problemas de pele. Os frutos são consumidos ao natural, especialmente por crianças.

  • Curiosidade: O nome do gênero, Glycosmis, vem do grego e significa "cheiro doce" (glykys = doce, osme = cheiro), uma referência ao perfume adocicado de suas flores brancas e discretas.

4. Árvore em Chamas (Brachychiton acerifolius)

  • Descrição: Conhecida em inglês como Illawarra Flame Tree, esta árvore é famosa por sua floração espetacular. Durante a primavera ou início do verão, ela se cobre inteiramente de flores vermelhas e vibrantes em formato de sino, muitas vezes após perder todas as suas folhas, criando a ilusão de que a árvore está pegando fogo.

  • Origem: É nativa das florestas subtropicais da costa leste da Austrália.

  • Uso tradicional: Os povos aborígenes australianos consumiam as sementes da árvore após tostá-las, pois cruas são tóxicas. A madeira, leve e macia, era usada para fazer escudos e canoas.

  • Curiosidade: A intensidade da floração pode variar de ano para ano e é frequentemente estimulada por um período de seca antes da estação de floração, o que torna seu espetáculo de cores ainda mais dramático e imprevisível.

5. Abóbora Cabaça Bhoomi (Lagenaria sp.)

  • Descrição: O termo Bhoomi refere-se a uma variedade específica de cabaça (gênero Lagenaria) com uma forma única, semelhante a uma garrafa ou um vaso com uma base bulbosa e um pescoço longo. A casca é dura e impermeável quando seca.

  • Origem: O gênero Lagenaria tem origem na África, mas se espalhou pelo mundo em tempos pré-históricos. Variedades específicas como a Bhoomi são cultivadas e selecionadas na Índia e em outras partes da Ásia.

  • Uso tradicional: O principal uso não é alimentar. A cabaça seca é esvaziada e utilizada como recipiente para água, sementes e alimentos. Também é a matéria-prima para a confecção de instrumentos musicais tradicionais, como o sitar indiano (que usa uma cabaça como caixa de ressonância) e o berimbau brasileiro.

  • Curiosidade: As cabaças do gênero Lagenaria são uma das plantas domesticadas mais antigas do mundo. Evidências arqueológicas sugerem que elas flutuaram através do Oceano Atlântico da África para as Américas há milhares de anos, dispersando-se naturalmente.

6. Rabanete Ovo de Páscoa (Raphanus sativus)

  • Descrição: Não se trata de uma única variedade, mas de uma mistura de sementes de rabanetes (Raphanus sativus) que produzem raízes de diversas cores vibrantes, incluindo rosa, vermelho, roxo, violeta e branco. A surpresa das cores ao colher é o que lhe dá o nome.

  • Origem: O rabanete é originário da Ásia, mas esta mistura multicolorida foi desenvolvida por horticultores para o mercado de jardinagem e gastronomia.

  • Uso tradicional: São consumidos da mesma forma que os rabanetes comuns: crus em saladas para adicionar cor e um sabor picante, em conservas ou assados. As folhas jovens também são comestíveis.

  • Curiosidade: A variedade de cores não é apenas estética. As diferentes cores são dadas por diferentes tipos de antioxidantes. Por exemplo, os rabanetes vermelhos e roxos são ricos em antocianinas, os mesmos compostos encontrados em mirtilos e repolho roxo.

7. Sunberry (Solanum burbankii)

  • Descrição: Também conhecida como Wonderberry, é uma pequena planta herbácea que produz inúmeros frutos pequenos, redondos e de cor preto-arroxeada quando maduros. Seu sabor é suave e levemente doce, uma mistura entre mirtilo e tomate.

  • Origem: É um híbrido desenvolvido pelo famoso botânico americano Luther Burbank no início do século XX, a partir de espécies do gênero Solanum nativas da África. Não é uma planta que ocorre naturalmente na natureza.

  • Uso tradicional: Foi criada para ser uma fruta de rápido crescimento e fácil cultivo para fazer tortas, geleias e conservas. Importante: Os frutos só devem ser consumidos quando estiverem completamente pretos e maduros, pois os frutos verdes são tóxicos, como muitas plantas da família Solanaceae (a mesma da batata e do tomate).

  • Curiosidade: Luther Burbank vendeu os direitos da planta por um valor irrisório a um produtor de sementes, que a rebatizou de "Wonderberry" e a promoveu com grande exagero, gerando uma controvérsia na época. Burbank a criou com o objetivo de ser um "mirtilo de jardim" para todos.

8. Gramado Bean (Feijão de Gramado)

  • Descrição: O "Feijão de Gramado" não se refere a uma espécie botânica única e catalogada, mas sim a variedades de feijão crioulo (geralmente do gênero Phaseolus) que são preservadas e cultivadas por agricultores familiares e comunidades na região de Gramado e na Serra Gaúcha, no Brasil. Eles podem ter diversas cores e padrões.

  • Origem: São variedades crioulas, o que significa que foram selecionadas e adaptadas ao longo de gerações às condições específicas de clima e solo daquela região. Sua origem genética remonta aos feijões trazidos por imigrantes europeus (especialmente italianos e alemães) e cruzados com variedades locais.

  • Uso tradicional: Utilizado na culinária local em sopas, saladas e, principalmente, na feijoada serrana, um prato robusto adaptado ao clima frio da região.

  • Curiosidade: O cultivo de feijões crioulos como o "Feijão de Gramado" é um ato de resistência agrícola e de conservação da agrobiodiversidade, preservando sabores e características genéticas que poderiam se perder com o avanço das monoculturas comerciais.

9. Fructo-albo (Syzygium wilsonii)

  • Descrição: O nome popular "Fructo-albo" (fruto branco) é uma descrição direta de sua característica mais marcante. Trata-se de um arbusto ou pequena árvore com folhagem ornamental avermelhada quando jovem. Suas flores são espetaculares, formando cachos de um rosa-choque ou magenta vibrante, que parecem pompons felpudos. Após a floração, surgem os frutos brancos, cerosos e translúcidos.

  • Origem: É nativo das florestas tropicais de Queensland, no norte da Austrália.

  • Uso tradicional: É primariamente uma planta ornamental, muito valorizada em jardins botânicos e por colecionadores de plantas raras devido à beleza de suas flores e folhagem nova. Os frutos são comestíveis, mas não são amplamente consumidos.

  • Curiosidade: O gênero Syzygium é o mesmo da jabuticaba e do jambo, e muitas de suas espécies são conhecidas como "Lilly Pilly" na Austrália. O Syzygium wilsonii é uma das espécies mais espetaculares e delicadas do grupo.

10. Considerações Finais

Explorar essas oito plantas nos mostra que a riqueza do reino vegetal vai muito além do que conhecemos. Cada espécie carrega uma herança genética, cultural e ecológica única. Do perfume contraceptivo da realeza javanesa à resistência dos feijões crioulos da Serra Gaúcha, essas plantas contam a história da nossa relação com a natureza. 

A valorização e a conservação dessa diversidade não são importantes apenas para proteger espécies raras, mas para garantir um futuro com mais sabores, cores, soluções medicinais e resiliência para o nosso planeta.

11. Fontes

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